O Batismo de Jesus
A força do batismo faz maravilhas na pessoa e na sociedade
Com a Festa do Batismo de Jesus concluímos o tempo do Natal. A reflexão sobre o Mistério da Encarnação continua. É uma ótima oportunidade para examinarmos a nossa própria vida batismal hoje e a ação eclesial para o trabalho de iniciação cristã pedida pela Igreja para educar e evangelizar os novos cristãos.O Batismo de Jesus, por João, no rio Jordão, é um evento que nos mostra com intensidade como o Salvador quis solidarizar-se com o gênero humano, imerso no pecado. João chamava à penitência e administrava um batismo de conversão. No entanto, Jesus, o Cordeiro sem mancha, que veio tirar o pecado do mundo, submete-se ao batismo de João. É um momento de Epifania, quando a Trindade se manifesta e aparece claramente a missão do Filho que deve ser escutado.
Podemos contemplar, pois, no episódio do batismo do Senhor, aquela condescendência divina que faz com que Deus assuma tudo o que é próprio da nossa frágil condição humana. Jesus não teve pecado, mas, num gesto de solidariedade para com toda a humanidade, assumiu o que decorre do nosso pecado, desde o batismo dos pecadores até a morte ignominiosa da cruz.
A condescendência divina, manifestada de forma tão pungente na vida, as atitudes e as palavras de Jesus, nos estimulam a amar com todas as nossas forças a Deus que tanto nos ama e a nos tornar mais compassivos e condescendentes para com todos aqueles que, de uma ou de outra maneira, sofrem e precisam de nossa solidariedade. A contemplação da caridade divina deve encher nosso coração de caridade. São Paulo ensinou-nos, entre outras coisas, que a caridade é prestativa, não é orgulhosa, alegra-se com o bem, tudo crê, tudo espera, tudo desculpa.
Estes dias de tantas catástrofes em nossa região sudeste demonstram como é importante o compartilhar as dores e sofrimentos das pessoas.
O batismo que recebemos foi o batismo instituído por Jesus, o batismo da Nova Aliança. O batismo de João era apenas um sinal de conversão. O Batismo que Jesus confiou à Sua Igreja é um sinal eficaz, pois não só significa, mas realiza a libertação e a renovação de nosso ser, tornando-nos filhos de Deus à semelhança do único Filho. Os Padres da Igreja chegaram a dizer que Jesus desceu às águas justamente para santificá-las e transmitir-lhes aquele poder de purificação e renovação, que é exercido toda vez que a Igreja batiza em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ao celebrarmos a Festa do Batismo do Senhor Jesus, temos diante de nós uma ocasião propícia para renovar nossas promessas batismais. Viver intensamente os compromissos de nosso batismo é o grande convite que Deus faz a cada um de nós. A graça divina jamais falta àquele que, com sinceridade de coração, procura viver segundo o “homem novo”, nascido da água e do Espírito. Os inúmeros santos e santas canonizados pela Igreja são um eloquente testemunho de que a força do batismo pode fazer maravilhas na pessoa e na sociedade que ajudaram a transformar segundo o desígnio de Deus.
Que a graça do batismo nos torne, na Igreja e através da Igreja, o Corpo místico do Senhor, verdadeiros discípulos-missionários de Jesus! O batismo liga-nos também à Igreja, à qual Cristo uniu-se de maneira irrevogável. Não podemos querer Cristo sem Sua Igreja. O “Cristo total” é a Cabeça e o Corpo. Contemplando, assim, o Mistério de Cristo, que resplandece na face da Igreja e vivendo a graça do nosso batismo, anunciemos com humildade e caridade a fé que nos salva e enche de alegria a nossa vida!
E isso nós poderemos fazer e viver intensamente, começando a celebrar agora, logo após o tempo natalino, as festividades de São Sebastião, que com a réplica da imagem histórica trazida por Estácio de Sá percorrerá a nossa Arquidiocese, preparando-nos para viver com fidelidade a nossa missão, à semelhança de nosso padroeiro, que nos ensina a fortaleza na fé mesmo em meio a ambientes contrários e vicissitudes da vida, perseguições e torturas. Para o aprofundamento do tema “Fé e desafios do nosso tempo” e do lema “São Sebastião, invencível atleta da fé” teremos um tríduo em todas as Paróquias como sinal de nossa comunhão e unidade.
Que a vida cristã desse seguidor de Cristo nos inspire a viver com entusiasmo em nossos mudados tempos a alegria do seguimento de Jesus, mesmo com as dificuldades hodiernas.
Dom Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário