segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Papa aos pobres: "Sejam sinal de esperança para corações vazios"

Leonardo Meira
Da Redação, com Vatican Information Service e Rádio Vaticano


Comunidade de Sant'Egidio

Crianças recebem o Papa para o almoço

No dia da festa da Sagrada Família, a presença de Bento XVI alegrou os pobres assistidos pela Comunidade de Sant'Egidio, em Roma. Às 13 horas deste domingo, 27, o Pontífice almoçou na sede da Comunidade, localizada na Via Dandolo, n. 10, no bairro romano Trastevere. Cerca de 200 pessoas participaram do encontro.

"Neste período de particulares dificuldades econômicas, que cada um seja sinal de esperança e testemunha de um mundo novo para quem, fechado no próprio egoísmo e iludido de poder ser feliz sozinho, vive na tristeza ou numa alegria efémera que deixa vazio o coração", afirmou o Papa durante o almoço.

Após a sua chegada, o Papa foi recebido por membros da Comunidade e pelo fundador, Andrea Riccardi, bem como pelo vice-regente da Diocese de Roma, Dom Luigi Moretti, e pelo bispo de Terni-Narni-Amelia, Dom Vincenzo Paglia.

À mesa com o Papa, sentaram-se 12 hóspedes, entre os quais uma família cigana de quatro pessoas, um refugiado político afegão, de 34 anos, uma idosa italiana, de 82 anos, um jovem italiano em cadeira de rodas, de 25 anos, abandonado pela família, e um nigeriano que atravessou o deserto da Líbia para conseguir entrar na Itália.

Bento XVI agradeceu a quem preparou e serviu a refeição, bem como o acolheu no refeitório.

"Ouvi histórias dolorosas e repletas de humanidade de alguns de vós: histórias de idosos, imigrantes, pessoas sem residência fixa, ciganos, deficientes, pessoas com problemas económicos ou outras dificuldades, todos, de uma maneira ou de outra, provados pela vida. Estou aqui para vos dizer que sou solidário e que vos quero bem e que as vossas vicissitudes não estão longe dos pensamentos do Papa, mas no centro e no coração da comunidade dos fiéis".

O Papa recordou que também a família de Jesus, desde os seus primeiros passos, encontrou dificuldades: não encontrou hospitalidade e foi obrigada a emigrar para o Egito, devido à violência do Rei Herodes.

Após ter escutado um hino de Natal entoado por trinta jovens coristas, o Pontífice ofereceu às crianças um presente "personalizado". As crianças na sede da Comunidade de Santo Egídio provêm da África (Nigéria, Senegal e Marrocos), da América Latina (Peru e Haiti), da Ásia (Bangladesh) e de outros países da Europa, em especial da Romênia , Bósnia e Sérvia.

Depois de completar a distribuição dos presentes, Bento XVI pronunciou a oração conclusiva do encontro e foi até o primeiro andar do edifício, onde se reuniu com trinta estrangeiros que participam no curso de italiano organizado pela Comunidade.

"Muitas pessoas, provenientes de vários países, se encontram aqui em busca de uma palavra, uma ajuda, uma luz para um futuro melhor. Empenhem-se para que ninguém esteja sozinho, ninguém seja marginalizado, ninguém seja abandonado. Há uma língua, para alem das diferentes línguas, que une tudo, a língua do amor. É o que nos ensina o Menino Jesus, Deus que por amor se fez um de nós. Ela tornará melhor a nossa cidade e o mundo ".


Expectativa e alegria

A visita criou um clima de particular alegria e diversos preparativos. A Rádio Vaticano conversou com um importante membro da referida comunidade romana, Alberto Quattrucci, que explicou o que representa o encontro do Papa com os pobres e a Comunidade.

Alberto Quattrucci - O fato de o papa sentar-se à mesa com os pobres e com os amigos dos pobres, que são os membros da Comunidade de Santo Egidio, significa para nós uma grande ajuda, um grande encorajamento para a vida da comunidade, para aquela amizade com os pobres – mais de cem mil entre ciganos, mendigos, anciãos, moradores de rua – que todos os anos, nos dias de Natal, fazem conosco as suas refeições.

Rádio Vaticano - Como nasceu a idéia de convidar Bento XVI a um almoço numa comunidade de Santo Egidio?

Alberto Quattrucci - A idéia nasceu do sentido do Natal, que é a festa da família. Para nós a família são as nossas famílias, mas há também uma grande família, que é a família de Jesus: a família com todos os pobres, com todos aqueles que precisam. E convidamos muitos a essa refeição, pessoas de todos os níveis, de todas as faixas sociais, muitos amigos dos pobres... E então, por que não convidar o nosso Bispo de Roma, o Papa, que é grande amigo dos pobres, envolvendo-o numa dimensão de testemunho pessoal? Portanto, é um convite que nasce do profundo do coração da Comunidade de Santo Egidio e, ao mesmo tempo, do gesto do almoço de Natal que é a festa principal do ano na qual se reúne toda a família.

Rádio Vaticano - Como a Comunidade de Santo Egidio prosseguirá após a visita do papa?

Alberto Quattrucci - Prosseguirá com uma grande felicidade, com uma grande alegria, com um encorajamento a mais: uma alegria a ser comunicada a muitos e, no fundo, também um exemplo a comunicar a muitos, porque o sonho é sempre encontrar mais companheiros para os pobres, em todas as partes do mundo. A Comunidade de Santo Egidio prosseguirá no signo da paz: como fazemos todos os anos, no dia 1º de janeiro, estaremos pelas cidades em todas as partes do mundo celebrando o Dia Mundial da Paz. Começaremos com manifestações, com momentos de oração, com momentos de assembléia sobre o tema da paz, sobre a mensagem do papa para essa ocasião. Trata-se de um novo compromisso: o ano novo deve se iniciar no signo da paz.

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