segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A importância da família na sociedade




Estimado monsenhor Jonas, queridos sacerdotes, padre Wagner que completa dez anos de sacerdócio e padre Hamilton (quatro anos de sacerdócio). Eu não poderia deixar de fora duas pessoas, principalmente neste dia da Sagrada Família, eu quero saudar os pais do padre Wagner, o Sr. Antônio e a Sra. Luzia, eles disseram sim a Deus e cooperaram com a obra da criação trazendo ao mundo o padre Wagner.

Nesta solenidade da Sagrada Família, somos convidados a refletir uma faceta do mistério da encarnação. Deus nasceu pobre numa manjedoura, o mundo não percebeu a entrada do Salvador, a não ser os pastores e depois os magos. Nós celebramos uma outra faceta desse mistério, esse Menino nasceu segundo as leis da criação.

O próprio Filho de Deus foi educado no seio de uma família. Como é importante a família no contexto da sociedade. A família que lamentavelmente é a instituição mais agredida. E é na família que aprendemos a viver em sociedade, aprendemos a amar, somos amados e aprendemos a nos relacionar como irmãos.

As leituras que ouvimos, nos mostram como são importantes as primeiras experiências no convívio de uma família.

Na primeira leitura [Eclesiástico 3,3-7.14-17ª], Deus honra os pais nos filhos e fala de todo relacionamento humano, que deve existir entre pais e filhos, esposo e esposa, para que a família humana seja geradora de bons cidadãos.

De que adianta os planos de governos se os atores de tudo isso, os seres humanos, estão sendo desumanizados, sofrem do direito de ter uma família? Cresce entre nós o desamor, tantas ervas daninhas que estão na base dessa desagregação familiar. Se de um lado o ser humano avança na tecnologia, não evolui em humanidade. A família de Nazaré está aí para nos mostrar o que significa crescer como homem. Não basta desejar a paz, é preciso semear a paz, construir a paz, e essa paz começa no seio de uma família.

Padre Wagner e padre Hamilton são frutos de uma família, e eles hoje como sacerdotes, pais espirituais vão transmitindo essas experiências que aprenderam no seio de suas famílias para construírem a grande família. Os padres, bispos, não aprendem somente no seminário, essa vivência aprendemos no convívio com nossos pais e irmãos.

O texto de Lucas [Lucas 2,41-52] mostra a apreensão da Maria, ela que ouviu a profecia de Simeão daquilo que seria o Menino, e também sobre a espada de dor que transpassaria seu peito. Quando sente a perca do Menino, ela deve ter pensado: “é agora Senhor”. Ela como Mãe diz: “por que você fez isso?” E o Menino responde à mãe e ao pai, não como uma criança qualquer, mas como Filho de Deus: “acaso não devo estar cuidando das coisas de meu Pai?” Muitas vezes Maria ouvia todas aquelas coisas e guardava em seu coração, mas ela sabia que um dia todas aquelas interrogações seriam respondidas. E diz o texto que o Menino acompanhou seus pais e lhes era obediente. Como entender a grandeza desse mistério que começa na encarnação, depois na cruz e na ressurreição o seu ápice? Diante desse mistério cabe a nós dobrarmos o joelho. Nós jamais teremos condições de esgotar a compreensão desse mistério. Nossa atitude sempre será de adoração orante.

Um dia todos nós deixamos nossos lares, nossos irmãos de sangue para seguir o chamado que Jesus nos fez, um chamado que constitui uma promessa: “E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mateus 19,29). Isso é uma verdade. Monsenhor Jonas quantos filhos o senhor tem? Não tem como contar.

Sacerdotes, cada um de nós possui o carinho, o amor a tantas famílias que ajudamos a perseverar e que também nos ajudam a perseverar. Nós contamos muito com o apoio das famílias. Deixamos nossas famílias para abraçarmos uma multidão de família. Nós não merecemos isso, mas Deus nos deu. A forma que temos de agradecer é correspondendo.

Nós padres somos embaixadores do perdão de Deus. A quem muito é dado, muito será cobrado. O agradecimento pelo dom da vocação é diário, acontece todos os dias quando elevamos nossos olhos e nosso coração ao céu.

Não podemos só viver o sacerdócio, temos que ter a alegria, manifestar a alegria que trazemos em nosso coração. Que um dia, todos nós que esperamos em Deus, possamos ouvir do Senhor Jesus: “Vinde benditos de meu Pai, para o Reino que vos foi preparado desde o início, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor”.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ)

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